Oie! Como você tá?
Pensei muito durante a semana no que queria falar aqui dessa vez, mas obviamente deixei para o último segundo e estou digitando isso às 22h30 do domingo. Tudo bem: acho que sob pressão a gente às vezes solta uns troços sinceros, né? (Espero que sim.)
Tenho pensado muito em uma frase de um personagem do filme Enquanto somos jovens: “Essa foi a primeira vez que não me senti como uma criança fingindo ser adulta”, diz o protagonista em um certo ponto da trama. Instantaneamente eu parei pra processar o impacto (e o fato de que ele saiu da boca do Ben Stiller, mas isso não vem ao caso) e o quanto me senti contemplada. É isso, pensei. É isso! É esse o nome para o meu desconforto que eu nunca soube nomear. Ele tem um nome e talvez - talvez - seja generalizado, considerei. E acho que é mesmo.
Constantemente eu me sinto exatamente assim: como a criança na mesa dos adultos, que não é realmente levada a sério; uma impostora em corpo de adulta, mas que não está nem de perto pronta para ser uma adulta de fato, e a qualquer momento alguém pode me desmascarar. Fiquei encucada depois do filme. Levei o dilema para uma amiga, que me perguntou, abre aspas, se eu tenho dado de fato algum espaço pra essa criança existir aqui dentro. Fecha aspas.
Acho que fez sentido pra mim. Não dou espaço nenhum. E pra quê, né? A gente é imaturo às vezes mesmo, temos reações infantis, não sabemos uma porrada de coisa, às vezes precisamos correr pra um colo. Faz parte. A criança tá sempre aí batendo na porta, dando seus jeitos de gritar por socorro… E talvez, se deixarmos-na entrar, ela traga consigo todo um grande conjunto de coisas que perdemos junto com ela: a criatividade, a curiosidade, a espontaneidade. A intuição.
Acho que tá na hora de deixar essa criança no comando por um tempo, bem acolhida e quentinha, e ver o que sai de bom.
Vamos juntos?
Um beijo,
Mari
Dicas Que Ninguém Pediu (Mas Que Eu Dou Mesmo Assim)
Livro da semana:
Cidadã de segunda classe, da nigeriana Buchi Emecheta, foi o meu livro lido dos últimos dias - e obviamente está aqui porque é recomendado, risos. A trama segue a jovem Adah, uma nigeriana que sonha deixar para trás a moral e os costumes do seu povoado e rumar para a terra prometida, vulgo Londres, nos turbulentos anos 60 - sem saber que o que a espera do outro lado do oceano é a realidade de uma imigrante negra e mulher, eterna estrangeira em meio aos brancos colonizadores.
Em alguns momentos me cansei um pouco da narração, que tem um tom meio consternado. De qualquer forma, é uma leitura emocionante e necessária, muito inspiradora! A consciência de raça, classe e gênero brotando na protagonista ao longo da narrativa é poderosíssima.
Filme da semana:
Madres Paralelas, o novo longa do maravilhoso Almodóvar. Quem não ama cores vibrantes, drama, mulheres fortes e (por falar nisso) Penélope Cruz? Bom, se esse é o seu caso, se retire imediatamente. (Mas tenho certeza que não é.)
A trama mistura as diferentes faces da maternidade e da sexualidade a um episódio histórico da Espanha (e tenho ressalvas quanto ao resultado dessa mistura) a partir de Janis e Ana, duas mulheres que dão à luz juntas no mesmo hospital e, a partir daí, têm suas vidas entrelaçadas de uma forma intensa.
Acho que alguns elementos acabaram ficando muito na superfície nesse mix todo, mas, independentemente disso, o resultado foi lindo. Há quem diga que Almodóvar tem uma fórmula para os seus filmes, e talvez tenha mesmo, mas a verdade é que ela nunca deixa de funcionar. Sou suspeita para falar dele? Sou sim, mas falo de graça!
(AINDA: menção honrosa para o indicado ao Oscar CODA e para Red Rocket, outros dois que assisti essa semana e valem muito a pena!)
Som da semana:
Não é exatamente uma novidade, mas pra mim é então tá valendo, hehe. O álbum Better Days, da dinamarquesa-japonesa Mina Okabe! Um indie pop gostosinho e nostálgico, o som certo pra trazer conforto naqueles dias em que a gente tá mais introspectivo. Não consigo parar de ouvir, real!
Rolê da semana:
Ontem Fábio e eu fomos conhecer - finalmente! - o Jaguar, bar e restaurante todo retrô e 100% aesthetics no centro de São Paulo. O nome é uma homenagem ao hotel que funcionou no edifício até 2017, e a decoração cheia de peças garimpadas contribui para a vibe nostálgica. Pedimos a porção de bolinhos de arroz (com gruyére, gengibre e parmesão) para petiscar, e depois fomos de milanesa de baby beef, o carro-chefe da casa, com acompanhamentos variados. Para beber, pedi um gin-tônica com infusão de capim santo. Impecável e recomendadíssimo!
Agora, por favor, vamos às imagens deste estabelecimento feito para o Instagram:
Outros conteúdos delícia na internet:
- Essa planilha do Oscar, feita pela Hariana Meinke, pra ir fazendo a checklist de todos os filmes até o dia das estatuetas. :)
- Essa receita de focaccia de beterraba do Tastemade que está me fazendo babaaaar! Quero testar imediatamente. (E se você testar, por favor me convide.)
- O teaser da série Conversations with Friends, adaptação da obra da rainha Sally Rooney, que vai chegar em breve no Hulu. Estou vivendo pra isso? Sim, talvez esteja!
E por hoje é só! :)