Oie! Como você tá?
Nessa semana eu fiz um monte de coisas aleatórias que não se conectam mas achei que valia colocar aqui, tais como: um molho pesto; um esfoliante labial caseiro; uma apresentação de PowerPoint para falar sobre PowerPoint; uma mistura de cappuccino que deu meio errado porque coloquei bicarbonato demais; muitos agachamentos; muitos minutos na esteira; um rascunho de artigo no LinkedIn; este texto que vos fala. A lista segue. Ela continuaria não fazendo sentido e não servindo para nada além de fins ilustrativos.
Também pensei um monte de coisas aleatórias que não se conectam, como todos fazem. Pensei no absurdo que é fazer seis reuniões quase que seguidas e ainda chegar ilesa (um pouco) no final do dia. Pensei sobre a palavra “pujante”, que é estranha. Pensei sobre como é bizarro que eu sempre deixo um pouco de café no fundo da xícara, involuntariamente. Pensei sobre exames invasivos; flores comestíveis; mariposas grandes e escuras; anúncios para Instagram; chuvas torrenciais; a loucura que é poder traduzir uma coisa de uma língua pra outra. Essa lista também é meramente ilustrativa.
O meu ponto é: a gente se acostuma tanto a ocupar a cabeça e o corpo o tempo todo que o ócio passa a parecer a maior loucura do último século, quando na verdade acho que é tudo que tá faltando na minha (na nossa?) vida. Não me entenda mal; modéstia à parte, acho particularmente incrível o tamanho da minha energia pra botar as coisas na rua e no papel (e deveríamos tirar mais tempo para nos acharmos incríveis, mas isso é papo para outro dia). Mas, confesso: queria aprender a desligar a máquina de vez em quando. São muitos forninhos pra segurar e pratinhos pra equilibrar, e eventualmente alguma coisa acaba sempre se espatifando nesse grande chão que é a vida; por que não deixá-la se espatifar e cruzar os braços um pouco, então?
Acho que é isso que quero pra esse ano, acima de tudo: um pouco mais de serenidade pra atravessar o caos e flexibilidade para desligar meu botõezinhos quando precisar. E a gente precisa - com muito mais frequência do que imaginamos. Uma amiga me disse essa semana que precisávamos aprender a levar a vida mais como o violinista do Titanic, que, na mira do iceberg, simplesmente seguiu fazendo música. Eu discordo - acho que, na hora de afundar, talvez a gente tenha que se despir de tudo e contemplar a inércia de tudo que (não podemos) controlar.
Espero que seja uma semana com um pouquinho mais de ócio para apreciar - por aqui e por aí. Vamos juntos!
Beijos,
Mari
Dicas Que Ninguém Pediu (Mas Que Eu Dou Mesmo Assim)
Livro da semana:
Depois de tudo, queime. O livro de estreia da escritora, jornalista e podcaster Luciana Borges é um sopro de vida no meio do caos - perfeito, eu diria, para a semana que tive! Conforme já resenhei lá no Instagram (e as Dicas Que Ninguém Pediu virando pilar editorial de conteúdo, risos), tenho me envolvido muito com autoras brasileiras contemporâneas - e amado muito as ficções meio autobiográficas sobre mulheres excepcionais pisando nos ovos dos relacionamentos modernos cis-heteros (até porque eles partem do pressuposto de que existe um homem na dinâmica, e isso já é o suficiente pra querer sair correndo).
Os pequenos contos do livro, publicado pela Marisco Edições, são relatos de encontros e aventuras marcadas por aplicativos de relacionamento; ora se traduzindo em magia, ora deixando traumas e cicatrizes. No fim, o que fica é o mais bonito de tudo: que até mesmo dessas marcas, tão superficiais e tão profundas ao mesmo tempo, emergimos mais corajosas e intuitivas do que nunca. ❤ Recomendo super a leitura!
Filme da semana:
Drive my car - para continuar a maratona do Oscar, o longa japonês mais indicado na história da Academia! O filme, que tem quase três horas, é uma expansão de um conto de mesmo nome do Murakami (já foi o suficiente pra me entreter 100%) cuja trama acompanha Yusuke, um ator e diretor de teatro recém-viúvo que aceita conduzir uma versão de Uncle Vanya nos palcos de Hiroshima e, para isso, é levado de carro por uma jovem motorista contratada, Misaki. Juntos, os dois protagonizam cenas muito sensíveis e melancólicas, e descobrem que têm muito mais em comum do que imaginam dentro da alma. Achei maravilhoso - e a boa notícia é que em breve chega no MUBI (pra quem quiser assistir por meios legalizados, risos).
Som da semana:
Se acostumem porque dificilmente o som da semana vai ser uma novidade - e dessa vez o álbum da vez foi o Tropix, da musa brasileira contemporânea Céu! Passei a semana inteira ouvindo e desejando estar curtindo esse calor terrível da minha varanda suspensa em São Sebastião (sério, essa música é um ponto ALTO). O mix é, se não perfeito, muito próximo disso: um pouquinho dançante, um pouquinho tropical, com um montão de sintetizador e dessa voz de fada maravilhosa que só a Céu tem!
Rolê da semana:
A Barra Funda tá ficando descolada - e eu, como ótima fã de álcool e música que sou, tô amando esse movimento! A bola da vez foi o Trago, bar comandado por ex-bartenders do falecido Z Carniceria (saudades) com playlists maravilhosas rolando noite adentro.
O espaço interno é bem pequeno e intimista, com luz baixa, cimento e tijolos aparentes, mas mesmo as mesas de fora estavam totalmente lotadas quando eu e minhas amigas chegamos. Isso porque os drinks autorais são bem famosos! Fomos de (entre alguns muitos outros….) Manga Rosa (vodka com pimenta dedo de moça, limão, purê de manga e borda de sal com pimenta rosa, incrível!), Lila (gin com blend de chás cítricos e clitória, tônica, limão siciliano e zimbro) e um clássico Tom Collins que estava no ponto! Para comer, pedimos uma Batata Beef Poutine, porção de batatas rústicas com carne louca glaceada e queijo coalho.
Falhei nas fotos do espaço dessa vez, mas faz parte, me perdoem e lidem com isso. Eis o que temos pra hoje:
Outros conteúdos delícia na internet:
- Oito minutos de Robert Pattinson e Zoë Kravitz. Quem não quer? Sirvam-se dessa entrevista da Entertainment Weekly enquanto Batman não lança nos cinemas (meu ingresso já tá compradíssimo).
- E já que estamos falando de caos hoje… Uma reportagem muito legal da Revista Gama sobre a possibilidade de (tentarmos) nos planejar em tempos tão incertos.
- O último vídeo do canal da Jana Viscardi, a linguista mais MARAVILHOSA desse Brasil, analisando o discurso de defesa (terrível) do ex-diretor de humor da Globo, Marcius Melhem. Necessário demais!
E por hoje é só! :)